Desde jovem, adolescente que tenho problemas de ansiedade, hoje, com 38 anos , já conto duas fases depressivas. De momento estou desmamando o antidepressivo, e me sinto bem. Já fiz terapia e consegui observar que muitos dos meus transtornos mentais são frutos do seio familiar. Meus pais nunca se deram bem, meu pai bebia, haviam problemas financeiros, havia imensa discussão, típico casal que teria de estar separado há décadas. Hoje em dia meu pai tem uma saúde frágil, a relação com a minha mãe só piorou. Minha mãe teve, desde que me conheço como pessoa, problemas com dinheiro. Dívidas, agiotas, nome sujo… tem ainda hoje. Mente, claro, para o meu pai e este não confia nela. Minha mãe pede dinheiro aqui para pagar ali, toda a vida vivi assim, quando mais jovem tinha vergonha de as pessoas olharem para mim porque sabia os motivos. Ontem mesmo minha mãe veio pedindo para eu pedir dinheiro a uma determinada pessoa para ela. Não o faço, claro, essa parte já aprendi. Mas não deixa de me transtornar, recorri a um ansiolitico para dormir. Este tipo de coisas é recorrente. Sou casada, tenho filhos, farei de tudo para não permitir que eles passem o que eu passei.
Amo meus pais mas perco a vontade de até lá ir, mesmo agora nas festividades, porque não me sinto bem, além de que minha mãe ainda sustenta uma irmã com marido e filho porque ela está desempregada( assunto que obviamente piora toda a situação mas que eu já tentei fazer ver à minha mãe, que apenas se queixa todos os dias a mim e não toma atitude definitiva).Tenho pena pelos meus filhos que adoram os avós e não tem ainda consciência dos problemas(. 11 e 14 anos, mas eu lhes protejo disso). Sobretudo tenho imenso medo que tenha de voltar aos antidepressivos por esta situação…
Olá Isa. Já fizeste o mais difícil, que é fazer uma introspecção e perceber as razões desses estados depressivos e ansiedade. Não querendo de todo desculpar os teus pais, todos nós temos um passado, até mesmo eles. Cabe a nós quebrar o ciclo de abuso e não o passar aos nossos filhos. Não percebi se ainda continuas na terapia. Se não, e tiveres possibilidades, volta. A terapia é um investimento em nós... Que por vezes nos deixamos tanto para trás.
Desde já um grande abraço 🫂
Com 14 anos acredito que o seu filho já entenda bem , e conversar com ele para se acalmar e tentar perceber o que sentem pode fazer sentido.
Cresci com algumas coisas parecidas...
Meu filho adora lá estar , o mais novo ainda mais. Obviamente que percebem que os avós discutem, são meninos espertos, quando digo que não percebem é a parte dos problemas de dívidas da minha mãe, muito menos eu quero que saibam, era muito mais nova que eles quando me apercebi e sei o que sofri. A minha mãe demorou imenso tempo a perceber que eu tenho uma vida, que se faço férias e porque trabalho para isso, que se os meus filhos têm uma oportunidade de educação melhor é porque nós enquanto pós achamos prioritário, durante muitos anos me senti culpada por “ter” ou “fazer” determinadas coisas enquanto a minha mãe está cheia de dúvidas. Foi muita terapia e auto cuidado para perceber que a culpa não era minha. Apenas para contextualizar o quanto me sentia envolvida ( ou me faziam sentir) num problema que não era meu. Obrigada por me ler.
Olá Isa. Já fizeste o mais difícil, que é fazer uma introspecção e perceber as razões desses estados depressivos e ansiedade. Não querendo de todo desculpar os teus pais, todos nós temos um passado, até mesmo eles. Cabe a nós quebrar o ciclo de abuso e não o passar aos nossos filhos. Não percebi se ainda continuas na terapia. Se não, e tiveres possibilidades, volta. A terapia é um investimento em nós... Que por vezes nos deixamos tanto para trás.
Continuo sim, para mim foi uma salvação. Entendo o passado e perdoo-os por isso, decerto não me queriam nunca prejudicar, mas as marcas estão lá. Isto foi mais um desabafo como eu adoraria que as coisas fossem diferentes. Não me preocupo como dantes, não posso, faz-me mal e não posso resolver, aprendi que não sou mãe da minha mãe. Mas realmente o pedido dela ontem deixou-me mal, , não me interprete errado, mas em plena consciência sei que ela não o devia ter feito. Obrigada
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Não sei se a questão principal são as dívidas ou o facto dos seus pais se darem mal. Quanto às discussões, deve tentar afastar-se e não deixar que os seus filhos assistam. Quando às dívidas, metade do país vive assim. Eu entendo o que diz, mas pedir a um para pagar a outro, é igual a pedir crédito para comprar carro, casa, para ir de férias, para comprar computador e telemóvel e depois fazer um crédito pessoal para pagar as prestações disto tudo....aposto que tem amigos e familiares assim, não a chateiam, mas não são melhores, nem piores do que os seus pais que pedem cara a cara.
Pode dizer-lhe que não quer envolver-se nessas questões de dinheiros e empréstimos, que se quiser terá de pedir ela própria, para não falar disso consigo. Pode tentar perceber de onde vêm os problemas que tem e se há algum plano de pagamento que a ajude a equilibrar as finanças.